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A Noite Suspensa o que posso aprender com o Silêncio
2023

A noite suspensa ou o que posso aprender com o silêncio foi comissionada pelo Inhotim para ocupar o vão central da Galeria Praça, umas das mais visitadas no museu e jardim botânico. A obra se destaca, à primeira vista, por sua escala: são aproximadamente 4 metros de altura e 9 metros de largura. Mônica Ventura (São Paulo, 1985) traz uma proposta de olhar o entorno e a potência local, fazendo uso da terra da região na construção da obra – a parede, o leito e a escultura são feitas desse elemento. “A noite suspensa ou o que posso aprender com o silêncio apresenta uma escala que não é humana e, ao mesmo tempo, que não é arquitetura, mas nos confronta. A proposta é contemplar essa instalação que nos olha. Quem observa quem?”, questiona a artista. 

 

Neste trabalho, Mônica Ventura faz alusão a diferentes práticas religiosas de matrizes ancestrais, e o público é convidado a desvendar as camadas da instalação, cuja forma se associa aos zangbetos, espíritos ancestrais cultuados em algumas religiões no Golfo do Benim, responsáveis pela proteção e afastamento de males, e também aos praiás, elementos fundamentais da cosmologia Pankararu, povo originário brasileiro cujo território tradicional se encontra próximo ao rio São Francisco. Para os Pankararu, os praiás marcam a presença dos Encantados, entidades vivas ligadas diretamente ao plano espiritual. Ambos são manifestados por meio da dança e do uso de um tipo de máscara de corpo inteiro feita em palha. Nos dois casos, quem ocupa aquele corpo persiste como incógnita; ele observa, mas não pode ser observado.

 

Como um invólucro feito de palha, a instalação possui uma abóbada de cor azul e a sua base de terra afixada no chão se assemelha a uma Yoni, forma que remete ao feminino e cujo significado do termo, em sânscrito, refere-se às noções de “passagem divina” ou “fonte de vida”. Já a escultura em si remete a Lingam, símbolo fálico que remete ao masculino. A combinação entre as duas formas, se vista de cima, faz referência a Shiva Lingam, a síntese das energias do universo. “A parte central da Galeria Praça é um espaço extremamente desafiador para se trabalhar. Ele não é um cubo branco, mas também não é uma área ao ar livre. E Mônica buscou uma composição que articula e mobiliza tanto o espaço arquitetônico, quanto o jardim ao redor”, explica Lucas Menezes.

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